domingo, 8 de dezembro de 2013

Avistamentos

O pescador lança a rede, visto de longe boneco ele.
Aqui da borda penso mais fundo, lanço minha rede.
‘Anêmona’. Falo.
E não há como tirar-lhe o nariz.
Assim ainda pertence ao mar
seus dialetos confundíveis, ardem os olhos,
curam cortes na pele e acima de tudo, afogam.
À profundidade transparente arrisco molhar o bico:
As anêmonas, eunucos invertidos,
a parte decapitada que nadou a vida
quando lançada ao mar - Terra de águas vivas.
Terra que ninguém anda. Só nada ou boia.
O MAR agora é RAM,
volátil, esgota-se no litoral, silenciado.
Primeira concha acolhida por meus dedos
e que guardo no bolso pra mostrar o mar calado
no enfeite da parede.
Tomo o cajado e vou varrer meu terreiro.
O vizinho desligou Sebastian Bach,
a porta bateu com o vento forte.
Estou lá dentro e vou andar no amor
mais raso, corriqueiro saindo das torneiras
da vida doméstica e de pouco sal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário